18 Dez 2009 - 01h06min
É sintomático que quase à mesma hora em que o meio nacional tucano estremecia com a oficialização de saída do mineiro Aécio Neves da pré-disputa pela presidência da República, no Ceará, da tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Cirilo Pimenta, do PSDB, disparava uma série de ataques contra o governo Cid Gomes. Mesmo que não seja fácil percebê-lo, um movimento pode, sim, estar ligado ao outro.
O PSDB, lá e cá, oficializou sua entrada em campo no jogo da disputa eleitoral de 2010. Aécio, com seu gesto, embaralhou as cartas internas e aumentou a pressão sobre José Serra, agora ainda mais cobrado a definir logo qual papel pretende desempenhar. Cirilo, com o forte discurso, projeta um cenário em que os tucanos se colocariam como oposição ao governo estadual.
Os eventos das últimas horas são úteis ao partido. Servem no imediato, independente dos estragos internos possíveis, para recolocar ordem nas coisas e tirar o PSDB, no caso cearense, pelo menos, de uma postura de coadjuvante que parece inadequada ao tamanho que mantém, mesmo três anos após perder o controle político local.
O recado de Cirilo Pimenta está dado. Hábil articulador, Cid bem sabe que incorrerá num erro grave se optar por reduzi-lo a um gesto isolado, uma insatisfação individual ou a um grito sem eco.
FONTE: http://www.noolhar.com/opovo/politica/938250.html -JORNAL O POVO 18 DEZEMBRO 2009
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