segunda-feira, 14 de junho de 2010

ARTICULAÇÕES PARA GOVERNO


A reviravolta na política do Ceará ganhou novas dimensões. A decisão do PSDB de lançar candidato próprio ao Governo do Estado tem contornos mais nítidos. Germina uma articulação que coloca o empresário Beto Studart na cabeça de uma chapa de oposição ao governador Cid Gomes.
As conversas começaram na quarta-feira passada, um dia antes da reunião tucana que decidiu que o partido trilharia caminho próprio na disputa pelo Governo do Ceará. Foi quando Studart se reuniu com o comandante tucano, Tasso Jereissati. “Fui lá como cidadão e não como pretendente a nenhum cargo. Conversei com o senador e disse a ele que todo o seu histórico corria o risco de ir para o ralo se mantivesse o projeto do PSDB atrelado aos Ferreira Gomes”, conta Beto Studart.
O empresário argumenta que a forma como Cid Gomes estava conduzindo o processo era muito arriscada para o PSDB e para Jereissati. “Tasso estava sendo levado para o canto da parede. Não é razoável decidir uma candidatura de senador na última hora. O governador está indo pra África. Seria humilhante só ficar esperando que Cid voltasse. Fiquei com medo do Senado perder mais uma cadeira de oposição. Como empresário e cidadão, não gosto disso.”
As articulações prosseguem hoje com um café da manhã, envolvendo Beto Studart, o ex-secretário de Governo de Tasso, Assis Machado, o deputado estadual Luiz Pontes, o presidente estadual do DEM, Chiquinho Feitosa, o deputado estadual João Jaime Marinho (PSDB) e o tucano Cirilo Pimenta.
A ideia em gestação é: Beto Studart na cabeça da chapa, mas somente se um grande esforço político conseguir juntar numa mesma chapa majoritária o PSDB de Tasso, o DEM de Moroni Torgan e Chiquinho Feitosa, o PR de Lúcio Alcântara e Roberto Pessoa, o PPS de Alexandre Pereira e de um grupo oriundo do CIC e, por fim, o PTB de Arnon Bezerra. “Apenas nessas condições aceito a empreitada. Não tenho votos. Iria para ser um liderado desse bloco”, diz Studart.
A simples união desses partidos não é suficiente. Studart argumenta que só aceitará a candidatura se for fechada uma chapa majoritária com Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara como candidatos a senador. Chiquinho Feitosa seria o suplente de Tasso e Alexandre Pereira, o de Lúcio.

Oligarquia

Um dos problemas da articulação é a péssima relação entre Tasso e Lúcio. O tucano rompeu com Lúcio de forma barulhenta. Já há negociadores de um lado e de outro. O próprio Beto Studart tem se colocado como mediador de uma conversa entre os dois ex-governadores. “Só há sentido ir adiante se essa união se concretizar”, afirma.
Em conversa por telefone às 21 horas de ontem, Studart pediu para deixar claro que sua crítica a Cid Gomes “não é pessoal”, mas sim um posicionamento contra um projeto que considera “oligárquico”. “Não podemos deixar que o Ceará volte a ser um Maranhão comandado por uma família, com a política e a sociedade amordaçada”, disse o empresário.
O espaço de tempo para as articulações é curto. Restam duas semanas até o fim do limite estabelecido pela legislação eleitoral. Studart já conversou várias vezes com Lúcio Alcântara. Segundo ele, o maior receio do ex-governador é o histórico de relacionamento entre Tasso e Ciro. “O Lúcio teme que na hora h o Tasso se mantenha fiel a esse relacionamento”.
Na conversa com Tasso, o tucano falou pouco, conta Beto Studart. “O Tasso fez poucos comentários. Ele tem suas diferenças com o Lúcio mas não creio que seja algo com dimensão para impedir que arredondemos essa articulação”.
Nas especulações de bastidores, fala-se que Arnon Bezerra seria o convidado para ser o candidato a vice-governador. Curiosamente, o deputado federal é conhecido pelo seu governismo.
Outro problema da articulação é o posicionamento nacional do PR. O Partido está na base do presidente Lula e vai compor a aliança eleitoral a favor de Dilma Rousseff. “É uma coisa que precisa ser resolvida”, admite Studart.
Pelo visto, são muitos os senões. Mesmo assim, a articulação tem o poder de mexer com a política do Ceará. Até uma semana atrás, dava-se como certo que o governador Cid Gomes (PSB) iria disputar a reeleição sem nenhum concorrente à altura de uma disputa para o Governo. O fato é que a dinâmica da política começou a atuar.

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